Toda vez que eu leio este texto, lembro das intermináveis tardes na Pós com minha amiga Gis... passou tão rápido!
Aula de Pós em
pleno sábado à tarde... ninguém merece. Às vezes somos obrigados a criar
subterfúgios para aula “meio interessante” ficar interessante. Estou sendo
boazinha com a professora que é esforçada, mas a aula é sobre Metodologia Científica!!
O que é que tem de interessante nisso, para mim Metodologia era igual a Livro
de Normas da ABNT da faculdade. E isso eu já sabia fazer. Então, vamos lá... vamos
colocar um pouco de imaginação nesta aula.
A professora
chegou com uma tal de planilha problematizadora. Problematizadora é coisa de
pedagoga (“Célebro”, amigo, por favor, paciência e um pouco de
boa vontade). É aberta uma planilha do Excel (...dai-me saco, porque paciência eu já pedi!), e aparecem vários itens
que devem ser preenchidos nas lacunas em branco.
Primeiro item: Nome do Projeto
A profa
explica que temos que ter em mente o assunto que vamos falar. Nome do Projeto traduz
a síntese, a ideia total do trabalho.
Vendo que o
pessoal não se animara muito com a bendita tabela, a profa quis fazer uma propaganda:
– Vocês podem
falar sobre qualquer assunto relacionado ao nosso curso, basta irem
destrinchando, vocês vão ver como é fácil preencher esta planilha, num piscar de olhos o esqueleto do trabalho já vai estar prontinho e para a execução vai ser
um pulo!
Na minha
cabeça piscava em luzes néon só o primeiro trecho “Vocês podem falar sobre
qualquer assunto”. E a mente ia viajando: Todo mundo odeia TCC, todo mundo
morre de medo da banca! E se eu tivesse cara de pau suficiente para inverter a
situação? Pegar um assunto tosco, problematizá-lo, escrevê-lo de maneira mais
pomposa. Falar sobre qualquer assunto... vamos ver se isso funciona.
Vamos, cabeça,
me ajude, palavras: sábado, tardes, outros tempos... não hoje... talvez anos 1980,
Chacrinha, artistas, artistas que marcaram época com um sucesso, Sarajane... abre a rodinha, por favor, abre a rodinha.
Já sei!!! Meu assunto vai ser a música Rodinha
da Sarajane, muito sucesso na década de 1980! O auge do Chacrinha e das minhas
tardes de sábado totalmente livres!!
Mas é preciso
seriedade na escolha do Nome do Projeto,
colocar o nome da música dá muito na cara que é sacanagem, vamos associar a uma
coisa meio Gilberto Gil. Boa!
Nome do Projeto – A abertura da pequena roda na musicalidade
baiana
Uma enfeitada,
uma pequena destrinchada e vamos ao segundo item:
Segundo item: Tema – Em que momento da história musical, a música
baiana começou a abrir o pequeno círculo, vulgo rodinha. E de que maneira essa
abertura influenciou o cenário musical.
Terceiro item:
Problematização. Problematização tem a ver com dificuldade...
Problematização – Quando se deu a abertura do pequeno círculo
("rodinha") no cenário musical baiano? De que maneira a música
genuinamente baiana influenciou o resto do país? Por que são consideradas
músicas de baixa qualidade? Por que algumas músicas consideradas de baixa
qualidade atraem o universo infantil? Seria pela própria musicalidade? Ou
pela facilidade de decorar os versos simples em rima, mas pobres em sentido?
Rimas essas que se aderem à porção do encéfalo e dificilmente saem de lá.
Cenário é
fácil...
Cenário – O cenário deste trabalho explorará o
universo da música baiana, mais especificamente uma música que representa o
início de uma série de composições ritmadas, versadas em simples letras de
fácil memorização.
Para a Leitura
exploratória é só colocar em forma de Referência!!
Leitura exploratória – Em
princípio: SARAJANE. A roda. São
Paulo: Emi Odeon, 1987. 1 LP: Vinil Single.
Caraca, já foi
problematização, eu ainda tenho que definir qual é o problema? Vou dar 1
resumida...
Definição do problema – Necessidade de entender o processo de
abertura da rodinha.
Objetivo Geral – O objetivo principal do trabalho é entender
o porquê de as pessoas se submeterem a rituais grotescos, tornando a música
e/ou efeitos de som exatamente simultâneos com a ação, observando
principalmente a influência de um líder nato carismático sobre as grandes
massas.
Objetivo específico – Por que Sarajane fez sucesso? Luis Caldas
foi seu precursor ou sucessor? Quando você vai à Bahia, você volta a escutar Mila de Netinho? O que essas músicas fazem com
seu lado inteligente do cérebro? E, afinal, o que é que a Bahia
tem?
Agora eu vou
arrasar, quero ver essa professorada da banca botar banca pra cima dessa:
Método – Pretende-se fazer um estudo de caso,
utilizando-se como objeto de experiência os próprios avaliadores do trabalho em
si (ou A BANCA). A monografia trará a importância da expressão comunicacional por
meio de gestos e sons. Será feita a análise in loco, com pesquisa apenas qualitatitiva, já que teremos poucos analisadores
para uma pesquisa quantitativa. Serão distribuídas cópias da letra da
composição musical "A roda" (SARAJANE, 1986), e em seguida será feita
uma profunda análise da letra em questão. Os avaliadores serão convidados a
formarem um círculo, na sala de aula, será introduzida a composição musical em
questão e, após, e todos deverão cantar e enlarguecer com os mesmos requebros
da cantora baiana.
HAUAHUAHAUAHA!
Imagina todo mundo dançando A Rodinha.
Juliana volta
pra aula, ainda são 15h e faltam duas horas pra esse
tédio acabar! Ai minhas saudosas tardes de sábado livre!
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