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quinta-feira, 28 de março de 2013

Minha primeira crônica publicada

   Ano passado fiz um curso muito bacana na Fundação Cultural de Curitiba (aliás, quem tiver interesse, entre no site e procure pelos cursos: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/). Participei da Oficina de Análise e Criação Literária, a especialidade foi "Crônicas", meu gênero predileto.
  
   Ao término das oficinas, os participantes interessados apresentaram textos de sua própria produção e estes passaram por uma comissão externa especialmente constituída para o projeto. Meu texto foi um dos selecionados. Esta semana teve um coquetel onde as revistas seriam entregues. Fui lá pegar a publicação, ficou linda!!
   Com muito orgulho, apresento meu texto para vocês.
   Perguntas, dúvidas, estou à disposição para responder.  
 
 
 
 
 
 
 
DA SOLIDÃO
 
Sujeito tinha o trabalho que pedira a Deus, acordava às 11h, almoçava, perambulava de chinelos e roupão pela casa.
Sujeito tinha o trabalho que pedira a Deus, ganhava razoavelmente, acordava às 11h com a cara amassada, almoçava um miojo e salsicha gelada, perambulava feito um zumbi pela casa de chinelos velhos e roupão que nunca viu uma máquina de lavar.
Sujeito tinha o trabalho que pedira a Deus, ganhava razoavelmente mal, não tinha casa própria, morava de aluguel, acordava às 11h, com a cara amassada e a boca amarga de cachaça, mal almoçava um miojo e salsicha gelada, quando lembrava de comprar, perambulava solitário feito um zumbi pelos dois recintos da casa, de chinelos velhos e roupão que nunca viu uma máquina de lavar roupa, com um cigarro aceso no canto da boca.
Sujeito tinha o trabalho que pedira a Deus, pois podia passar a noite na esbórnia enchendo a cara com a mardita, ganhava razoavelmente mal, dava pro bolinho de carne, tira-gosto especial das quartas e sextas, não tinha casa própria, morava de aluguel lá no Caixa Prego, pegava duas conduções para chegar ao serviço, acordava às 11h, com a cara amassada e a boca amarga de cachaça, se olhava nos espelhos e via que o tempo passava e que seus dentes estavam cada dia mais podres e sua aparência atrairia apenas a Solidão, mal almoçava um miojo e salsicha gelada, quando lembrava de comprar, perambulava solitário feito um zumbi pelos dois recintos da casa, de chinelos velhos e roupão que nunca viu a roupa de lavar, com um cigarro aceso, uma tosse que nunca mais ia deixá-lo em paz.
Sorte que sujeito ainda tinha trabalho, acordava, almoçava, perambulava.
 
 
 

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