Páginas

segunda-feira, 11 de março de 2013

Seu Manoel


   Manoel Martins sempre foi a voz da Rádio Imbituba, desde meus tempos de criança eu ouvia o programa quando estava na casa da minha avó. Para mim sempre foi uma voz forte e familiar, não chega a ser um Nelson Gonçalves, mas é da época dele. Quando eu o avistava pelos eventos da cidade, sempre nos palanques, sempre perto das figuras importantes, gostava de observar a imagem daquele senhor baixinho, magrinho e respeitado, ele sempre teve um quê de minicelebridade. Manoel Martins foi amigo de meu avô. Meu avô já se foi, mas Manoel Martins continua lá, firme e forte, com seu mesmo estilo de entrevistar e de transmitir as notícias da cidade.
   Minha irmã vai dar um Workshop de Decoração em Imbituba e a maneira mais fácil de divulgar é através do rádio. E ela foi até lá ser entrevistada pelo radialista. Eu estava nervosa por ela, porque, para nós, ele já é uma figura lendária. E sabe aquele tempo em que você respeitava os mais velhos e só eles falavam? Agora era a vez dela falar. E como será que ela ia chamá-lo? De "Seu Manoel"? Engraçado, isso é respeito.
Seu Manoel, no centro; à direita, o prefeito (que nos meus tempos de infância morava duas casas adiante).
Imagem via: http://paginaaberta.net/tag/aniversario-de-imbituba/.
 
   Ela falou sobre o curso, ele no começo me pareceu meio das antigas, porque algumas palavras novas não pareciam combinar com seu estilo (worskop, design de interior), mas depois improvisou muito bem e a conversa se desenvolveu naturalmente. E como entrevista de rádio de interior é mais informal, ele relembrou do passado, de quando minha mãe foi rainha do clube, falou nomes, contou histórias. E para introduzir um assunto, começou perguntando se minha irmã era católica e se ela achava a igreja da cidade bonita. Ela respondeu, segura, que achava linda. Então ele contou quando ela foi construída, quem fez o projeto e qual era o modelo escolhido. Meu avô fez o projeto da igreja, e o modelo escolhido eram as igrejas mineiras e, para isso, meu avô foi até Minas se inspirar.
 
   Me emocionei, porque vi direitinho a Imbituba do meu tempo de infância, clara, limpa, azul da cor do céu, o vento forte! Escutei o caminhão de gás passando com sua música triste, me vi indo para praia cedo e as janelas se abrindo, o senhorzinho da casa de esquina que dá Bom dia. Imaginei a bela igreja, cenário dos casamentos dos meus tios, primos, onde da porta dá para ver o mar; vi a pracinha onde fiz piqueniques com o pessoal da catequese; o salão paroquial onde ganhei 2 frangos no bingo... enfim, vi minhas origens. E ter uma cidade daquela como berço, como casa, não tem preço.
   Muitos podem ter escutado a entrevista por escutar, ou para poder pegar as informações do curso (http://lojadabella.tanlup.com/product/611217/workshop-sua-casa-do-seu-jeito), mas para mim valeu muito mais. Meu orgulho inflou.
Igreja de Imbituba-SC, projetada por meu avô.



 

Esse é um trecho da entrevista.


 

2 comentários:

  1. Que família hein!! Logo se vê de onde vem toda essa sua força!!

    ResponderExcluir
  2. Orgulho, amiga!! É isso que eu sinto!! Saudades, Beijos ;)

    ResponderExcluir