Páginas

domingo, 23 de novembro de 2014

JFK - ultramaratona

   Há alguns meses decidimos nos inscrever em uma ultramaratona, a JFK 50 milhas (80 km).
   Montamos nossa planilha, e começamos a seguir o treino. O treino começa num ritmo crescente, tem seu auge, depois segue num ritmo descrescente. A semana anterior à corrida, por exemplo, é praticamente descanso. Sábado era o dia dos longões e, no auge, alguns deles pediam distâncias de até uma maratona. Para isso, nos inscrevemos em duas maratonas, pois treinando em uma corrida teríamos o apoio que precisávamos: água, isotônico, gel nos pontos certos e outros corredores para dar aquela animada.
  
   Começo de setembro foi a maratona de State College, percurso ótimo, me senti segura. Choveu metade da prova e voltei com um resfriado que me deixou de molho uma semana. Voltei ao treino, com aquela ânsia de recuperar o tempo perdido. Acabei tendo uma distensão muscular na coxa. Mais cuidados.
   Recuperada, tive que recomeçar, desisti de fazer a segunda Maratona, achei mais seguro trocar pela Meia. Ok, depois disso, senti que podia voltar aos treinos. Nesse entremeio, fiz um curso de automassagens, para aprender a lidar com o corpo.
 
   Um detalhe muito importante da JFK, os 25 primeiros quilômetros são de trilha. Tentei me familiarizar com o Appalachian Trail fazendo hike, trotando por lá. Também fizemos uma corrida XTerra em Charlottesville (foi antes até da primeira maratona), correu tudo bem, mas confesso que a trilha era o trecho que mais me preocupava. Enfim, eu sabia que não ia ser fácil.
   Ontem foi o grande dia, o inverno chegou mais cedo este ano, estávamos na casa dos -8oC.
 
 
 
   Frio do caramba!! Havia duas opções de horário de largada às 5h ou às 7h. O horário das 5h dava 2 horas de vantagem na trilha, mas é completamente às escuras. Começamos às 7h.
   No início, alguns quilômetros no asfalto e entramos na trilha. Gente, pensa numa coisa sofrida! Sério! Subida e mais subida, caminho de pedras escondidas pelas folhas secas. Eu pisava com o pé inteiro, numa posição meio agachada (meio pata. hehe!) pra ficar mais próximo ao chão, tentando evitar quedas. Passo curto, muita atenção no chão. Senti que estava botando todo meu peso nos joelhos. Tornozelinho véio, ai! Um senhor caiu na minha frente e uma moça quase caiu e quase levou Flavio junto, se apoiou nele. Quando saímos da trilha, ouvi: "Parabéns, vocês cumpriram a pior parte, agora vai começar o endurance". Quando pisei na parte plana (C&O Canal), senti o trabalho que eu tinha dado aos joelhos. Tentei soltar o corpo, mas era impossível.
   Chegamos até a Station Aid do km55, naquele ponto éramos os últimos que ainda tinham chance de tentar recuperar (em cada ponto, eles vão recolhendo os corredores que estão fora do tempo).
   Flavio perguntou: "Você quer continuar?". Eram mais 25km, no meu estado, não tinha como recuperar, meu ritmo ia só decair. Decidi parar e ele parou comigo. Flavio me incentivou o tempo inteiro, fez a trilha lindamente (dava aqueles passos certeiros, curtinhos e ligeiros, vencendo o tortuoso caminho das pedras, parecia um bode saltitante das montanhas. HAUAHUAHAUHA!), podia ter fechado os 80k sim, mas ficou do meu lado. Ficamos sem medalha, mais ainda assim somos ultramaratonistas de 55km. (oi? Eram 50 milhas? Ah, "singanei", achava que eram 50 quilômetros! Menina, ainda não me habituei a esse padrão de medidas. hohoho!)
 
Imagem: arquivo pessoal.

   Enquanto eu corria algumas boas horas desse sábado, a vida passava, as lojas abriam, alguém ia tomar seu café da manhã, alguém ia almoçar, levar as crianças no shopping... enfim, o mundo não para quando você está realizando um projeto seu. Mas algumas pessoas pararam para se fazer presente em momentos cruciais, é impossível esquecê-las. Recebi apoio e carinho de quem passei a amar e admirar para todo o sempre.

   Brindemos! Muita saúde para muitas outras aventuras!
 
Gentilezas que bateram em nossa porta.
Imagem: arquivo pessoal.

 
   E é isso ae, pessoal! A temporada para novos projetos está aberta.



 
   A few months ago we decided subscribe in an ultramarathon, the JFK 50 miles (80 km).
   We set our training plan, and started our journey. The training starts in a growing, has their peak, then follows a descending. The week before the race, for example, is almost exclusively rest.
   Saturday was the day for the long runs sometimes with distances up to a marathon. For this, we signed up in two marathons. Because there we would have the support we needed: water, isotonic, gel at the right points, and other runners.
   Early September was the marathon of State College, great route, I felt safe. But it was raining during half of the race and I came back with a cold what make me stopped my training for one week. I went back to training, with that eagerness to catch up. I ended up having a muscle strain in the thigh. I needed take care.
   Recovered, I had to start again. I gave up of the second marathon, I thought that is safer exchange for a Half Marathon. Ok, I felt I could go back to training.
   A very important detail of JFK, the first 25 kilometers are trail. I tried to get familiar with the Appalachian Trail doing hikes, jogging around. We made a XTerra race (it was before the first marathon), I did well, but I confess that the trail was the part that worried me. Anyway, I knew it would not be easy.
   Yesterday was the big day, the cold came early this year, it was -8 C. Cold dammit!! But we were prepared for it. There were two starting time options, 5am or 7am. The time of 5am gave two extra hours the track, but it is completely dark. We started at 7am. In the beginning, we had some kilometers on pave and then we entered on the trail.
   Guys, think about something painful! Seriously, climbs and more uphill paths with stones hidden by the dry leaves. I stepped with my whole foot, in a crouched position (like a duck walking. Hehe!), to stay closer to the ground, trying to avoid falls. Step short, much attention on the floor. I felt I was putting all my weight on the knees. A man fell in front of me and a girl almost fell and almost led Flavio together, leaned into him. When we left the track, I heard: "Congratulations, you completed the worst part, now begin the endurance!" When I stepped in C&O Canal, I felt the work that I gave to my knees. I tried to relax the body, but it was impossible.
   We arrived at Aid Station of km55, we are the last ones who still had chance to try to recover (they will collect the other runners who are out of the time).
   Flavio asked me: "Do you want to continue?". We needed run more 25km. I think: "No chance to recover it, I'm not ok, the pace would be worst". I decided to stop and he stopped with me. Flavio encouraged me all the time, he did the trail beautifully (with short steps, winning the tortuous path of stones, he looks like a mountain goat. HAUAHUAHAUHA!). He could stay in the race, but he decided stop with me. Of the 1,500 runners who started the race, 789 finished within 12 hours allowed. I didn't win medal, but I felt an ultramarathonist after running 55km.
   While I was running for a few hours on Saturday, the life continuous, the shops opened, someone was going to take your breakfast, someone was going to have lunch, take the kids at the mall... the world does not stop when you're doing your challenges. But some people stopped to thinking of me, to wish me "Luck". It is impossible to forget. I received (and I am still receiving) a lot of support and care of who I will love and admire forever.
   And that's all, folks! The season is open for new challenges!!!
 
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Parabéns você é o Flávio são exemplos.. Inspiradores.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Ronaldo!! Tô aqui ansiosa para voltar a fazer nossos treinos de sábado! Um abraço!

    ResponderExcluir