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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Correndo três fronteiras (Ventimiglia-França-Mônaco)


Depois da viagem à Grécia, em 2010, eu tinha que escolher um país à altura... por que não seguir a sequência cronológica da própria História? Primeiro o império grego, depois o romano... interessante isso! Eu ainda podia acrescentar a cereja do bolo: uma corrida!

Eu e Flavio corremos desde 2008, na Grécia não deu para aliar uma corrida à nossa viagem, mas dessa vez elegemos uma corrida em um lugar de sonhos, já que estaríamos na Itália, por que não fazer uma corrida em Mônaco? Ali pertinho, era só atravessar um pedaço da França.

Meu roteiro na Itália ia ter que seguir uma reta, sem desvios laterais para não desperdiçar tempo, começando em Roma, subindo até Florença (Firenze), passando por Milão e finalizando com a corrida. O voo saiu daqui na sexta:

Sábado – O voo atrasou em Amsterdam. Passeamos pelo aeroporto, nunca vi tanta gente loira junta, povo bonito, bem vestido. Vi um batom rosa da Chanel, Boy 54, mas não tinha mais nada além da amostra. Chocolates diferentes, comprei alguns, achei uma loja do Leonidas!! Comprei uma caixinha fechada, mas depois me arrependi, eu deveria ter selecionado os chocos. Ganhamos 2 cartões telefônicos e dois tickets-lanche. Adoro aqueles baguetes, parecem que têm mais sabor. Flavio comprou 1 minigarrafa de vinho, aliás, vinho acompanhou quase todas as refeições. Liguei pra mãe do aeroporto da Holanda, ela me perguntou se era tudo plano. Interessante, não tinha pensado nisso, Países Baixos. Como eu queria que ela tivesse vindo junto com seus outros pontos de vista. Ela ainda me pediu: “Traz uma bonequinha!!”. Encontrei uma holandesa com cara de porcelana, que me acompanhou a viagem inteira. O maior cuidado pra não quebrar a cara da boneca. Gente, o que era aquela chocolateria no aeroporto? Aquela vitrine! Tinha japonês tirando foto, saquei minha câmera também. Flavio tomou 1 choco quente e eu um capuccino, ainda estava sem coragem de quebrar a Quaresma, assim logo de cara (cortei o choco na Quaresma, mas fiz um trato com Deus que anteciparia em uma semana, para poder quebrar, já que a data coincidia com a da viagem).

Chocolateria no aeroporto de Amsterdam.
 
Obras de arte.
 
Flavio me provocando.
Ainda no sábado, chegamos mais tarde em Roma, pegamos o metrô. Arrebentei a alça da mala na escadaria do metrô. Demoramos um pouco para achar o hotel Metrópolis, fizemos “a perdidinha básica”, Flavio entrou em outro hotel para perguntar onde era. Ao chegar, decidimos comer por lá mesmo. Eu, uma salada; e o Flavio, um tagliatele. Eros nos atendeu. Falamos que Eros era o Deus do Amor em grego, mas ele não sabia, porque o Deus do Amor romano é o Cupido. Tss, Tss. Povo desinformado. 
Basílica de São Pedro.
 
Domingo – ficamos na Basílica de São Pedro até às 13h. Era o momento pra comprar as lembrancinhas religiosas. Vimos o papa, bem de longe. Almoçamos perto da Praça Navona, naquele restaurante com atendimento moderninho, de sobremesa o melhor tiramissu que comemos em toda viagem. Dividimos, porque eu não ia meter o pé na jaca não. Passamos por um restaurante brasileiro, tinha anúncio do show do Michel Teló. Perdemos! Maior sucesso! Tocava nos rádios, nos celulares. À tarde fomos para o Coliseu e todo o redor, esperamos anoitecer para ver a iluminação. Valeu a pena. A noite estava linda!

O papa dá tchau dessa janelinha.
 
Melhor tiramisu que provamos.
 
Flavio achou pouco dividirmos uma sobremesa.
 
Eu fazendo pose "tô distraída" no Coliseu.
À noite, comemos um sanduba naquela pâtisserie mais simpática perto do hotel. Descobrimos que tinha outra numa esquina mais pra frente, mais sortida, porém menos simpática. 
Segunda – fomos ao Museu da Basílica, Cappella Sistina, Praça Espanha, Fontana di Trevi (que eu insistia em chamar de Fontana Freda, aquele espumante). Almoçamos ali perto, comi lasanha. Chegamos ao hotel no fim da tarde, a gente foi se trocar pra correr na pista das pontes. Tudooooo!! Alguns corredores, alguns ciclistas, um corredor passou pela gente e na volta já nos cumprimentou. Adoro isso, corredores têm consciência do esforço do outro corredor, por isso, ao se cumprimentar, é como se dividissem sentimentos. À noite, comemos na pâtisserie mais antipática da esquina mais distante, tem happy hour. As senhorinhas bebem todo dia! HAUAHUAHAUAHA! Ah, e pequenos salgadinhos (minibruschetas) ficam ao dispor dos "happy horistas".


Chegando na Cappella Sistina.
 
Jogamos moedinhas na Fontana di Trevi.
 
O nhoque di Flavio ficou mais fotogênico.
Terça – fomos para Florença logo cedo. Ao chegar lá, largamos tudo no hotel e fomos bater perna. O hotel era longe pra danar, mas o táxi não era caro. Uma puta fila pra ver o David de Michelangelo, queria ter uma sombrinha japonesa pra proteger do sol (agora tenho), mas a fila anda rápido até. Tentamos ir naquele restaurante perto da Ponte Veccio, não deu. Comemos um pedaço de pizza naquele restaurante SERVE-SERVE só pra não ficar sem comer nada e esperar a janta. Descobrimos um Hard Rock Café, e eu não resisto àquela salada!! E o drink colorido!!! Que vinha com o copo de brinde! Vulcano. 
Em Florença respira-se arte.
 
Perto da Ponte Veccio.
 
Não resisto a essa salada do Hard Rock.
 
Vulcano em Florença.

Quarta – Museu Ufizzi a manhã inteira. Conseguimos almoçar no Anticua. Eu comi um tagliatele al funghi, sem creme de leite!! E Flavio comeu 1 pato. Fomos para Milão às 17h. Fizemos 1 lanche na Galeria Emanuelle (coisa mais linda e grandiosa, lembrei daquela menor, na Argentina), que ricoooo!!! E o Duomo??? Fantástico! Milão é uma cidade de gente que tá podendo. O que são aquelas ruas repletas de lojas famosas!! Me perdoe Oscar Freire, mas você fica no chinelo... Havaianas! (Por favor, sem rancores, adoro aquela região de SP.)

Antico Fattore, em Florença.
 
 
Esse tiramisu da Antico Fattore era bom, mas o outro era melhor.
 
Duomo em Milão, até dói o "zóio" de ficar "zoiando".
 
Galeria Emanuelle, em Milão.
Quinta – acordamos cedo para ver a Última Ceia na capela, era o único compromisso realmente agendado. Emocionante mesmo, sentar, escutar e imaginar como as coisas aconteceram. Comemos o famoso panzerotti, me lembrou a massa do sonho. Recheado com queijo e tomate. Muito bom! A fila é grande, mas rápida. Almoçamos na Galeria Emanuelle, no Gato Rosso. Eu, nhoque; Flavio risoto. Fomos na loja do Milan, Flavio comprou a camiseta. A gerente era brasileira, falou que tinha coisa bacana e barata na Decathon. Encontramos algumas coisinhas, mas nada do meu Vomero (tênis). 
Depois de ter visto a Última Ceia.
Lojinha da Ferrari, descolei uma sapatilha. hehe!
 
Risoto milânes, apropriado. hehe
 
Meu nhoque com pêras, nozes e gorgonzola.

Sexta – pegamos o trem para Ventimiglia (ponto de partida da corrida). Cidadezinha fofa, fomos descobrindo as coisas aos poucos em um final de tarde. Tinha uma feira sendo desmontada, aluninhos saindo da escola (era sexta!!!). Tinha umas encostas com construções lá no alto. Tudo merecia um olhar. Uma delícia se perder, ver o mar italiano do calçadão, entrar em um mercado. Uma placa na cidade avisava que a rua ia ser interditada por causa de uma corrida... coisa mais linda. Já estávamos de olho em algum lugar pra comer. Fomos a uma pizzaria, pedimos um vinho Chianti da casa, a pizza e fomos comendo a entradinha. Daqui a pouco um pequeno tumulto, Flavio: “acho que tá pegando fogo!”. Uma fumaceira vinda dos fornos. O dono da pizzaria veio avisar que ia fechar, saímos sem entender se era incêndio geral ou se eles tinham que apagar os fornos e iam demorar para reacender. Fomos para a pizzaria beira-mar mais convidativa. Eles fazem aquele pizzão individual. Dividimos um, massa bem fininha.

Adorei essa placa, tipo: Dá licença que eu vou passar. hehe!

Sábado – fomos cedo para Mônaco, passear e pegar os kits da corrida. A cidade é cheia de morros, aquelas construções altas nas encostas, prédios se misturam com morro, ladeiras. Limpeza nas ruas, pouco movimento, a impressão é que as pistas foram feitas para Ferraris, Lamborguinis, Maseratis, Porsches, Mercedes... do alto vê-se a imensidão do mar azul, parece que ele vai invadir de tão grandioso. Parece que aquela terra foi empurrada, formando um grande paredão que avista aquele mar. Foi fácil achar o Estádio Louis XV (não sei se era esse o nome), pegamos os kits, lembro-me de ter dado alguma informação a um rapaz, não sei em que língua, encontrei-o na corrida depois. Encontramos uma paulista que morava lá. Tava com a minha camiseta do time de corrida, o 4Ões, com bandeirinha do Brasil. Pegamos os kits, compramos meias, camisetinhas. De lá eu queria conhecer o Jardin Exotique que havia visto na TV, fomos seguindo as placas, entramos no elevador comunitário, descemos, achando que estava perto. Uma caminhada sem fim até o alto. A vista do jardim era linda, chegamos a tempo de pegar a excursão para a caverna com as estalagtites e estalagmites. Descida até o fundo por escadinhas escorregadias, umidade. Um pouco de sensação de que vai faltar ar. Hehe. Mas nunca vi nada parecido com aquilo. O lugar foi descoberto por acaso, quando eles iam abrir um novo túnel. A volta foi mais rápida, apesar de ser subida, todo mundo queria respirar o ar da rua.

Trajeto da corrida.
 
Do alto do Jardin Exotique, em Mônaco.
 
Passeio no Jardin Exotique.

Ao sair do Jardim, pegamos um ônibus para ir ao Cassino. O motorista estava vestido de médico!! Todo de branco, não reparei direito, mas devia ter luvas. Descemos e avistamos o grande cassino. Lindíssimo, com jardins bem cuidados ao redor. Ao lado o Hotel Paris, chiquérrimo, vi dois atendentes vestidos de fraque descendo um carrinho de bebê. Um luxo. Procuramos um lugar para comer, entramos em um restaurante, mas pelo visto ia demorar. Saímos em busca de algum lugar mais rápido, já passava das 15h. Tudo errado pré-prova. Muita caminhada e pouca comida. Mas estávamos em Mônaco e corrida de rua tem quase todo fim de semana.


Em frente ao cassino, em Monte Carlo.
 
Adorei essa porta!
 
Almoço pré-prova.


Domingo – o grande dia, levantamos cedo, a prova era as 10h, dava pra tomar um café. A previsão era chuva, mas só estava frio. Fomos para a praça, encontramos outro amigo dos 4Ões, de Curitiba, que morava em Mônaco. 4Ões, internacionalmente conhecido! Mundo pequeno. Vi mais alguém com a bandeira do Brasil na camiseta. O começo da prova foi tranquilo, do alto via-se o mar nos acompanhando. Nos 10km disparei, olhava o relógio e me empolgava. No km 11 vi que Flavio se aproximava, minhas pernas já começavam a dar sinal de cansaço, até que ele me passou. Quando fomos nos aproximando da parte francesa percebi a diferença dos lugares, a França é muito mais organizada e limpa, a estrutura é bem conservada (comentei isso mais tarde com um italiano e ele concordou). Ali relaxei porque era plano, no Km 13 começava a subida, ia até os 17 ou 18km. O morro fazia curvas, era uma loucura a subida. Não caminhei nenhuma vez, mas senti. Escutei alguém da água gritar: Forzaa Julianaaa! Achei lindo, mas a força veio pouquinha. HAUAHAUHAUAHA! Quando avistei Mônaco minhas pernas não obedeciam nem na descida, muito estranha a sensação, o ritmo não estava ruim, mas parecia que eu não saía do lugar. Fui chegando, reconhecendo a cidade. Passei pelo túnel, a sensação de cansaço era tão grande que nem pensei na emoção do momento. O fim não chegava nunca. Vi a marina, estava lá. Completei a prova, o curitibano me passou nos últimos metros, feliz da vida. Mas Flavio, que havia chegado antes, falou que o curitibano estava bem desorientado na linha de chegada. Hehe! Me diverti com isso, a alegria dele foi ter me passado. Fomos para Ventimiglia, comemos na mesma pizzaria beira-mar, o dono do hotel foi gentil nos deixando tomar um banho (já que a diária já tinha vencido) e, por fim, seguimos de trem para Milão (de onde sairia nosso voo de volta na manhã seguinte). Conhecemos um casal no trem (ela de SP, ele italiano, falando perfeitamente português, parecia até coisa de novela da Globo (onde todos os italianos costumam falar bem o português).

 
Quem tiver interesse na corrida, é quase uma meia maratona, 24km aproximadamente.
As inscrições podem ser feitas neste site:
 



 
 
 
 

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