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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Maratona de Nova Iorque 2019

Passei os últimos meses treinando e quebrando em todos os treinos longos para essa maratona. O gel não caía bem, Gatorade me deixava enjoada, minha alimentação não era lá de um corredor de maratona, meu corpo tava sentindo. Final de cada treino, eu tomava uma Pepsi zero (falo Coca, mas tenho preferido Pepsi mesmo), ia direto pro chuveiro, sentava no chão, respirava e pensava: “Você vai se levantar daí e fazer o que tem que fazer, nada de se entregar”. Sabia que não ia ser fácil, e cada vez que o grande dia se aproximava, mais eu torcia para chegar a hora seguinte do pós-prova. A hora seguinte chegou e os 95% que falavam que essa ia ser a última, agora são 75%. Temos uma capacidade incrível de esquecer os maus bocados e nos apegar aos bons momentos. E eu te digo quais momentos foram eles. 
Tudo começa a se transformar quando você vai pegar o kit, um puta evento, tudo aquilo foi preparado para te receber. Milhares de pessoas, muitos com panca de corredor profiÇÇÇa, outros mais a paisana, parecem ouriçadas por uma mesma energia. De repente, alguém posta que está fazendo um treininho no Central Park, você, que estava evitando de tocar no assunto, já quer se manifestar e dizer pro mundo que faz parte da festa. Daí até a hora de dormir, acordar e sair as 5h40 para pegar o bus é um pulo. Tive a alegria de estar perto de um grupo grande de SP, muitos brasileiros na corrida, e por coincidência pegamos o mesmo ônibus. O longo trajeto ficou mais divertido, eles trocavam dicas, Advil para as dores, perguntavam quantos gels estavam levando, uma hora um falou: “Nós viemos aqui para fazer o que a gente faz sempre, andar!”. Achei ótemo! Eles estavam combinando de largar todos juntos, as 11h. Pensei: “Não vou pegar amor porque vou sair na minha Wave 2, as 10h10”. Chegando na largada, peguei o caminho da roça, tava tão determinada que acabei entrando na Wave 1. Será que fico, será que podem me desclassificar porque saí antes. Saí da Wave 1 e esperei para entrar na Wave 2.
E lá vamos nós. Muitaaaa gente nas ruas, festa de verdade, judeus do Brooklyn, “Cadê aquela maldita ponte!”, aquele coral na frente da igreja, crianças, famílias, Bronx, Harlem, Central Park… Sobre as pontes, primeira ponte, ok, segunda ponte, ok, ponte do Brooklyn: “Uau, olha eu!” “Ok, agora vou andar pra me poupar”, volto a correr, na minha memória afetiva até os 30k eu tava bem. Fui vendo o relógio, o tempo tava bom pra mim, parei em todos os postos pra pegar o que tivesse (gel, água, gatorade, banana, não peguei esponja com água porque tava um frio do kctinho pra isso). Depois dos 30k fui administrando e andei onde achei que devia andar. Meu objetivo ali era melhorar meu tempo sofrido da primeira vez que fiz essa maratona, fui calculando, cada passada, cada careta. Cheguei dentro do Central Park, já estava confiante que ia ser melhor, consegui diminuir 33 minutos.
Gente, terminar a corrida tá dentro do programado, seja como for, mas o que a gente tem que andar depois pra pegar o poncho não está no script! O que você vê de gente passando mal! Graças a Deus isso eu tinha treinado também, “respira e não te entrega, Juliana!” (Adoro a corrida porque é uma eterna conversa consigo mesmo). Peguei o poncho, e já estava me dirigindo pra saída (ponto de referência Colombus Circle), dei uma paradinha para a selfie de boca roxa, comi 2 pretzel (do biscoitinho salgado pra dar um up). Consegui chegar na rua lotada, cheio de barreiras por tudo, e parei no Kaizer pra comprar um docinho pra depois da janta e uma Coca zero (não tinha Pepsi). Saindo do Kaizer, vi um adolescente sentando no chão, os pais em cima, orgulhosos e preocupados, quase ofereci minha Coca. 

No mais, saí feliz por aquelas ruas, orgulhosa de mim, mais uma missão cumprida! Talvez um dia eu faça denovo, ou não. 


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P.S.: Ainda não achei crase, ponto e vírgula e sinal de interrogação neste teclado, depois farei nova revisão no texto.

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