Cortei o cabelo
curto. Na hora que ela cortou a franja e deu aquela desajeitada no topete,
parece que eu vi os olhos de uma Juliana que não via há algum tempo, vi os
olhos corridos e acesos daquela menina sorrindo para mim, isso me agradou. Por último ela deixou
para cortar os cabelinhos que fazem a costeleta, já tava achando estranho ela
manter aquele tufo ali, mas imaginei que ela ia fazer no final. Quando
perguntei porque ela estava mantendo, ela respondeu: "pra ter certeza que
você quer curto mesmo". HAUHAUAHAUHA! Não, quero comprido denovo, devolve
tudo aí!
Nos dias
seguintes, ainda perdida, senti falta de meus cabelos, o frio na orelha
aumentou. Mas o prazer de trabalhar o topete tem me feito feliz. Pra academia
uso meus lenços de pescoço de corrida, aqueles que realmente param na cabeça. Às vezes
penso em já deixar crescer, outras não sei; às vezes me sinto elegante, outras
me sinto cabeção.
Vi o anúncio de
aula pilates-balé-barra, achei o máximo, ia ter que adiar mais uma vez os
planos de me desconectar do YMCA. Eu realmente gosto do ambiente da academia,
gosto de ver as pessoas que vão gastar energia fazendo força ou batendo papo (a
galera do clube). Eu sempre elejo a musa inspiradora, acho que todo mundo tem a
sua. "Queria ter esses braços", "Mas ela só faz elíptico?",
"ah, o segredo é o alongamento", "como ela prende o cabelo
assim?"... Por esses tempos minha nova musa era tudo isso e desfilava numa
suavidade. Sério, admiro mesmo. Foi quando me matriculei para a nova aula, que
vão ser só de algumas semanas. Cheguei alguns minutos adiantada para poder me
encontrar, turma cheia... e quem é a instrutora? A fada Sininho que flutua!!
Gente, achei o máximo!! Sou da primeira fila, para poder copiar todos os
movimentos, a postura e receber a aprovação de que é mais ou menos por aí. Tento, né. Sou esforçada.
No final da aula, "Tchau-querida-professora"! Acho que na semana que
vem levo uma maçã. HAUHAUAHUAHAUHA!
Mas esse negócio
de academia é uma coisa engraçada. Comecei a fazer exercício pensando
na parte estética, daí como não fica tudo 100%, tudo em riba... uso a desculpa
que faço pela saúde, pega bem! HAUHAUAHUA! Brincadeira à parte, hoje em dia, acho que em primeiro lugar faz bem para a minha saúde psicológica. Bom, voltando ao ambiente academia, além das musas, tem personagens que eu observo,
dentre muitos: a senhora que faz força nas máquinas e puxa tudo muito rápido
pra se livrar logo daquilo; o tio amish com longa barba; a menina que às vezes
passa na minha frente e se apossa do step; a senhora que cheira a biscoito, tem
dificuldade para caminhar (usa bengala), faz spinning e não falta por nada.
Encontrei-a num restaurante saudável da cidade, ela parece ser cliente cativa,
assim como da academia. Mesmo em mesas separadas, conversamos um pouco, ela me
dizia: "aqui eles me mimam!", muito satisfeita com o carinho do dono
do restaurante. Tanto é que quando saiu, pediu um pedaço do bolo de espinafre
para levar, no final, mudou de ideia: "não vou levar só um pedaço, vou
levar o bolo todo". Nem pude experimentar o bolo. O dono foi lá e arranjou
uma embalagem para ela, não era nem descartável, era uma embalagem para guardar
bolo em casa mesmo. Lá saiu ela, o dono carregando o bolo até o carro, com toda
sua costumeira gentileza. Ela se despediu de mim, dizendo: "Tchau, te vejo
na academia!" Senti que ela teve orgulho de dizer isso. :)
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